Meu corpo parecia não encaixar-se no espaço que ocupava, estava incapaz de acompanhar o ritmo que a manhã do dia 12 de junho de 2018 seguia em seu frenesi típico de uma terça-feira. A causa de tanta pânria era o cansaço, com isso, tão logo o autocarro pôs-se a caminho, de Almada à Vila Nova de Milfontes, adormeci e tudo a seguir, nesse dia e no posterior, tenho a sensação de que foi um sonho.
Entre a foz do rio Mira e da Ribeira de Seixe há um paraíso, um santuário ecológico, que com palavras sou incapaz de descrever. É preciso estar lá para, com todos os sentidos, absolver a biodiversidade edénica do lugar. E foi em um barco de pesca utilizado como barco táxi que atravessei o Mira a partir da Praia de Vila Nova de Milfontes para a Praia das Furnas, na margem sul do rio, e adentrei o paraíso. Não poderia ter começado melhor meu primeiro dia de caminhada.
O percurso exigiu o máximo do meu corpo, capacidade e coragem, foi extremamente desafiante, entretanto, apesar das câimbras e outras dores, dos obstáculos e dos perigos, correu tudo maravilhosamente bem que consegui ir até Zambujeira do Mar, 14km além do previsto.
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