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Portugal Litoral

Dizem que Portugal é lindo, então decidi certificar isso eu mesmo. Não que eu precisasse ver para crer, mas precisava ver para sentir.

Portugal Litoral

Dizem que Portugal é lindo, então decidi certificar isso eu mesmo. Não que eu precisasse ver para crer, mas precisava ver para sentir.

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Tão logo cheguei ao ponto de partida, fui abruptamente absorvido pelo espetáculo das ondas do mar revolto, rebentando impetuosas nas pequenas e belas praias de Porto Covo. Mal havia começado o P08%20Porto%20Covo%20-%20Milfontes e já sentia-me extasiado e enlevado pelo o que contemplavam os meus olhos.

 

 

 

Andei nas primeiras horas da caminhada e, correspondentemente, as últimas do dia de 04 de abril de 2018, a distância de 3,9km, desde a Praia do Banho até a Praia da Ilha do Forte. Eram vinte horas quando lá cheguei; a hora do crepúsculo e a tempo de agasalhar-me, jantar e procurar um local seguro para dormir antes que escurecesse. 

 

 

Tão logo foi-se o sol, a temperatura baixou consideravelmente. Quando a luz do dia dissipou-se por completo, eu já estava nos meus aposentos no hotel de frente ao mar com chão de areia e teto de estrelas . A trilha sonora da música ambiente estava por conta do mar com as suas fortes ondas estourando na praia. Tudo sob a meia luz do luar que nesta noite era de lua cheia . Mas, apesar do cenário ultraromântico, não foi fácil adormecer dentro de um saco de dormir e quando finalmente consegui, o frio da madrugada malogrou minha noite dos sonhos. Levantei-me às 3:30h da madrugada sentindo-me dentro de um frigorífico. Tinha saco de dormir, mochila e tênis, encharcados pelo sereno. Foi um verdadeiro banho de água fria nos meus planos de uma noite indefectível. Logo, precisava fazer algo para aquecer-me do frio gélido, nesse caso, andar.   

 

 

Do ponto onde eu havia dormido ao Forte da Ilha do Pessegueiro distavam 750 metros de praia, caminhei para lá, que era até onde o breu da noite permitia-me chegar em segurança. Fiz várias incursões ao Forte, a explorar seu arredor, mantendo-me assim em movimento. Mesmo assim, o frio assolava-me. Imaginei que dentro do saco de dormir eu sofreria menos. Então caminhei alguns metros para além do Forte e meti-me para dentro do saco no primeiro lugar que julguei ser seguro e aprazível para dormir novamente. Com sorte e fatiga adormeci mais facilmente que da primeira vez. 

 

 

Estava claro o dia, eram sete e um quarto da manhã do dia cinco de abril, quando abri os olhos e dei-me conta que o chão do lugar que eu havia julgado ser seguro para dormir, estava encharcado, não pelo sereno, mas por ondas que haviam passado por ali antes de mim. Por sorte, enquanto eu dormia, nenhuma foi aconchegar-me. 

 

 

O mar, sempre impetuoso e majestoso, com ondas enormes, tornava ainda mais bela a paisagem costeira. Eu estava inebriado com o espetáculo que a natureza oferecia-me.

 

 

 

O trajeto, contrário às minhas previsões, não foi fácil. Pouco caminhei pela trilha da Rota Vicentina, estive mais junto ao mar, mais próximo aos penhascos, nas encostas escarpadas das falésias, seguindo as verdadeiras trilhas dos pescadores, as que somente eles, apanhadores de mariscos, mergulhadores e malucos, utilizam. Por vezes olhava para trás e perguntava-me: “Como passei por aquele sítio? Como foi possível?” . Outras vezes, além de olhar para trás, andava para trás a fim de desencantoar-me. 

 

 

Com isso de voltar, estou acostumado. O problema é o tempo perdido nas voltas, somado ao tempo que perco fotografando. E foi exatamente por causa do tempo perdido em caminhos sem saída e com tantas fotos tiradas (347), que desisti de chegar à Aljezur como havia planeado. Além do tempo escasso, a bateria da máquina fotográfica e dos telemóveis não iriam aguentar o percurso até Aljezur. Eu também não. Cheguei a Vila Nova de Milfontes destroçado por causa do peso da mochila que estava com carga para dois dias e meio de caminhada. Se eu fosse continuar até Aljezur, ainda teria que atravessar o rio Mira e andar mais alguns quilômetros, uns trinta aproximadamente, mais do que eu já havia andado até ali, e depois encarar mais uma noite fria ao relento e, consequentemente, mal dormida, para continuar no dia seguinte. Não era preciso muitos cálculos para perceber que não seria possível seguir com o planeado.   

 

 

 

Cheguei a Praia do Farol em Vila Nova de Milfontes às 14:35h e dei por encerrado o P08%20Porto%20Covo%20-%20Milfontes. A distância percorrida não sei exatamente porque o telemóvel com a aplicação que fazia o registo de por onde eu estava a passar e outros dados inerentes, ficou sem bateria antes que eu pudesse gravar as informações. Foram aproximadamente 24km.

 

 

Essa caminhada foi mais uma experiência incrível que palavras e fotos são incapazes de descrever, mas mesmo assim, espero ter compartilhado um pouquinho mais do litoral português com vocês.